Sunday, January 06, 2013

Callaghan evitou envolver soviéticos na crise de março




Mais um “papel” dos arquivos britânicos. São as conclusões de mais uma reunião do conselho de ministros que começou às 09:30 de 25 de março de 1975, no n.º 10 de Downing Street, em Londres. Por essa altura, andava Portugal às voltas com uma revolução, já passara o “11 de março”, as ruas estavam tomadas por militares barbudos e esquerdistas.
O chefe da diplomacia britânico, James Callaghan, alertava que a situação portuguesa era “confusa e potencialmente perigosa”. O MFA é “imprevisível” e os acontecimentos dos “últimos dias” - o golpe de 11 de março - significam “mais um passo no estabelecimento de um regime totalitário controlado pelos comunistas”, com o eventual apoio dos soviéticos.
A inquietação - ou será pânico? - parece ter tomado conta dos países aliados da NATO. Londres opusera-se a que os embaixadores da URSS nas capitais dos países da Aliança Atlântica fossem “chamados de imediato” para audiências, presumivelmente pelos responsáveis da diplomacia. Callaghan receava que esse ato fosse entendido como “uma ingerência” na formação do Governo em Lisboa e em que os aliados não queriam comunistas.
A decisão de Londres foi dar instruções ao embaixador em Lisboa para transmitir ao Presidente Costa Gomes a importância de o novo regime manter as eleições para a Assembleia Constituinte, a 25 de abril, dando garantias de serem disputadas numa “atmosfera de estabilidade e equilíbrio”.


(Foto Central Press/Getty Images)
 



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