Monday, November 03, 2008

Espanha preparou a guerra contra Portugal em 1975










Aquilo que era uma tese, por exemplo, de Paradela de Abreu, teve hoje confirmação oficial~.
O El Pais revela documentos dos arquivos norte-americanos em que Árias Navarro garantia que Espanha invadiria Portugal para evitar que o país se tornasse comunista.

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Ler aqui um texto da Lusa

Espanha disse aos EUA em 1975 estar preparada para atacar Portugal

O último presidente do Governo franquista, Carlos Árias Navarro, afirmou em 1975 aos EUA que Espanha estava preparada para entrar em guerra com Portugal «para evitar que o comunismo se espalhasse», revela o jornal El Pais.
Na sua edição de hoje, o jornal refere que essa ameaça está nos registos de conversas entre diplomatas e governantes de Espanha e dos Estados Unidos, a seguir à tentativa do golpe spinolista de 11 de Março em Portugal.
El Pais refere que Árias «exprimia a sua profunda preocupação» pela transição para a democracia em Portugal e que queria o apoio de Washington caso ocorresse um conflito bélico.
«Tratava-se de um momento crucial nas relações entre os dois países, porque os Estados Unidos desejavam renegociar o aluguer das bases militares e Árias queria que Washington apoiasse a entrada de Espanha na NATO», escreve o jornal.
A análise feita pelo diário espanhol baseia-se em documentos obtidos nos Arquivos Nacionais em Washington que reproduzem as observações dos Estados Unidos nos últimos anos antes da morte de Franco.
Segundo esses documentos, a situação em Portugal foi um dos temas dominantes da reunião que Árias Navarro manteve com o vice-secretário de Estado norte-americano, Robert Ingersolll, em Jerusalém, em Março de 1975.
Nesse encontro, Árias manifestou a sua preocupação sobre os acontecimentos em Portugal devido ao que o presidente do Governo classificou como «o último acto insensato de Spínola».
«Portugal é uma séria ameaça para Espanha, não apenas pelo desenvolvimento que está a ter a situação, mas pelo apoio exterior que poderia ter e que seria hostil a Espanha», escreveu Ingersoll a 18 de Março, numa mensagem para Henry Kissinger, então secretário de Estado.
«A Espanha estaria disposta a travar o combate anticomunista sozinha, se for necessário. É um país forte e próspero. Não quer pedir ajuda. Mas confia que terá a cooperação e a compreensão dos seus amigos, não apenas no interesse de Espanha, mas no interesse de todos os que pensam assim», escreveu.
Árias terá explicado aos americanos estar a tomar «as precauções devidas» para que «os acontecimentos de Portugal não se estendam ao outro lado da fronteira».
«Está convencido de que a Espanha deve democratizar-se e abrir as suas portas a uma maior participação política popular. Mas a experiência de Spínola convenceu-o de uma coisa: não há que subir e descer uma colina demasiado depressa», escreve.
A preocupação de Árias voltou a ser repetida num encontro a 07 de Abril de 1975 com o senador republicano Hugh Scott, a quem prometeu que a Espanha não repetiria o que aconteceu em Portugal.
Como argumentos para justificar essa posição explicava que em Espanha há «mais liberdades», mais crescimento económico e maior distribuição da riqueza, além de que as forças armadas espanholas não tinham «sofrido a tensão da uma guerra colonial».
«Árias disse que o exército espanhol conhece os perigos do comunismo pela experiência da Guerra Civil e está totalmente unido», dizia o embaixador norte-americano, Wells Stable, numa mensagem enviada para Washington a 09 de Abril de 1975.

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