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Antes morrer livres que em paz sujeitos
“Como reagiriam os europeus se os Açores se separassem de Portugal e declarassem a independência?”, pergunta Gerald Ford, presidente dos EUA, a Helmut Schmidt, chanceler da República Federal Alemã. Resposta: “A independência dos Açores não seria justificada aos olhos da Europa ocidental.” Contexto: início do Verão quente, Maio de 1975. O diálogo está reproduzido no capítulo “Açores, Lajes e independência” do livro Portugal Classificado: Documentos Secretos Norte Americanos 1974-1975, da autoria do jornalista Nuno Simas. As centenas de documentos divulgados pela CIA permitem traçar um retrato interessantíssimo sobre o processo “independentista” dos Açores. E desmontar alguns mitos insulares, como o de que os EUA apoiariam os golpistas açorianos na eventualidade do continente enveredar por caminhos totalitários. Ao que parece, havia o receio da administração americana que qualquer conotação com a Frente de Libertação dos Açores (FLA) enfurecesse a esquerda e extrema-esquerda portuguesa, o que poria em risco a manutenção da base das Lajes. Passados trinta anos, a organização “separatista” subsiste apenas no imaginário de meia-dúzia de românticos. Faltou-lhe um ícone para sobreviver, nunca com os objectivos de 1975, mas como ideologia utópica. E faltou, também, a recuperação histórica e literária da aventura (ensaiada por Daniel de Sá, no seu blogue). Este livro poderá ser o primeiro passo para que algum dia se escreva a verdadeira história da FLA.
O "post" de Pedro Barros Costa coloca uma questão interessante. Estariam os EUA mesmo interessados em dar apoio aos independentistas? Acredito que não. Estariam apenas interessados em dar oxigénio. A diferença? Não apoiar directamente, mas acompanhar e conhecer suficientemente a estrutura da FLA para o caso de dela necessitarem. Numa emergência.
É essa posição difusa, penso, que ainda hoje leva muita gente, em Lisboa e nos Açores, a ter olhares tão diferentes sobre este capítulo por escrever da nossa História recente. Ou a ilusão da promessa de apoio…
Em caso de guerra civil, utilizariam os EUA as pistolas e as caçadeiras da FLA e as espingardas do MDLP, de Spínola, e do ELP?… Essa é a grande dúvida, apesar de todos os documentos desclassificados. Mas em 1975, e para a estratégia do sr. Carlucci e de parte do Departamento de Estado, uma coisa parece certa: a FLA eram má companhia!!!
1 comment:
Keep up the good work.
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